Este Blog foi criado por quatro amigos que tem um mesmo talento em comum: escrever. Cada qual com seu estilo, personalidade e idéias. Foram criados diversos textos, então decidimos publicá-los com a simples intenção de divulgá-los para que outras pessoas também possam desfrutar e se identificar.

domingo, 30 de março de 2008

Reciclagem (Texto do fim do ano passado)


Dos anos passados, esse que se encerra certamente foi um dos piores já vividos. Se pesados tudo de bom e de ruim que aconteceu, a balança tenderia sem esforços para o lado das coisas ruins, não que tenham sido em maior número, mas com certeza foram as mais “intensas”.

Acho que intensidade seria a palavra-chave pra definir esse ano, e talvez seja justamente por isso que ele não tenha sido um dos melhores.

Viver: hoje sei exatamente o significado mais intrínseco dessa simples palavra. Esse ano serviu exatamente pra “desvenda-la”, e temo que da pior maneira possível... ou não.

A “casa dos vinte” foi alcançada sem muito entusiasmo (sem nenhum, pra falar a verdade); as responsabilidades aumentaram de forma exponencial; o tempo se comprimiu de modo considerável; a independência foi conquistada antecipadamente, não por vontade, mas por falta de opção; a liberdade foi posta em prática mais do que nunca, resultando numa libertação muitas vezes forçada, influenciada, má influenciada e muito bem-vinda.

As inúmeras noites em claro, em flash, em dança, andanças, e as tardes seguintes de “dor” de cabeça que remédios não eram capazes de curar custaram caro, mais caro que o dinheiro pôde pagar.

Mais do que nunca minha imagem perante aos outros foi testada, e pelo visto não passou no teste.

A necessidade de voltar para casa foi aos poucos sendo retardada. Os laços familiares se afrouxaram, ao passo que em relação às amizades, foram se estreitando cada vez mais: velhos amigos se tornaram velhos e grandes amigos, novos amigos surgiram, e alguns que chamava de amigos... se foram.

Assim se foi o último ano, e tudo que nele se passou... Que venha o próximo.

Ano novo, vida nova. Será?

Que o inferno então recomece... e caso precisar, abrace o capeta!


Francisco Araújo Júnior

sábado, 22 de dezembro de 2007

A dança do ávido.


Cada lugar um cenário.
Cada cenário uma cena.
Cada cena um beijo.
Cada beijo uma farsa.
Cada farsa um disfarce.
Pouco a pouco,
um a um,
dois a dois,
três a três.
Pecados somados,
divididos,
compartilhados.
A dança começou,
avista na pista,
acomete.
O ritmo é quente,
coreografia em mente.
É sempre a mesma:
dança com um,
outro,
outro
e mais um.
No embalo do promíscuo.
Dança cansa,
descansa canta,
ao som do refrão:
Dê-me, dê-me mais. Dê-me, mais. Dê-me, dê-me, mais.

Thiago Bailão.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Amor: o contemplo do consórcio.

Ele não agüentava mais, estava cansado de sofrer a não reciprocidade do amor, pois toda vez era a mesma coisa: ele era amado e não amava e quando amava não era correspondido, tão menos compreendido. Teve sim algumas ocasiões, em que o amor fora recíproco, mas por tão pouco tempo que em uma frase haveria espaço demasiado para aquilo que ocuparia duas palavras apenas: doce ilusão.
Gostaria de tentar uma nova estratégia de vida, algo que o fizesse vencedor nas relações, pois concluiu que algo havia de errado com ele, mas não sabia ao certo o que era. A começar, questionou se ele errava em amar tão logo tivesse oportunidades para o mesmo ou se errava em assumir seus sentimentos quando na verdade devesse ficar calado.
Algo em seu coração lhe dizia que agia erroneamente nas duas questões, pois nunca era valorizado, o que resultou na decepção que sentia a pouco.
Sempre acreditou que deveria assumir quando sentisse o amor, que deveria viver o hoje como se fosse o último dia, mas fatos atuais e analise de situações vividas lhe mostraram que lutava contra o vento, que o caminho não era aquele. Seus pensamentos tratavam-se de um equivoco, talvez por falta de experiência.
Agoniou-se.
Passou dias pensando numa provável mudança. Sabia que algo tinha de ser feito, porém não lhe ocorriam idéias. Sentia-se mal por isso.
Foi quando a vida ouviu suas duvidas e mandou respostas através de uma pessoa um tanto quanto mais sabia que ele, mais experiente, que o fez refletir e escrever, depois de muito pensar, para não esquecer:
“O amor é como um presente de recompensa, onde você deve agarrar consigo até que a outra pessoa realmente o mereça pelo esforço. Você deve contemplar somente o que fizer jus ao premio, mas se cair em tentação em entregar o presente logo no começo: Controle-se! Ninguém concede valor à aquele que ama nas primeiras páginas da história, afinal de contas, ninguém compra um livro em que o mocinho confessa seu amor a mocinha assim que a conhece. E o resto da história? E o sofrimento em conquistá-la? Que livro é esse que o final feliz é antecipado no primeiro capítulo? O epílogo não é o começo do livro”.
“Note, o ser humano é movido pelo combustível sofrimento e conquista, gosta de sofrer e conquistar! Não adianta querer antecipar o final feliz, o processo tem que ser lento, sofrido, prazeroso, recompensador e somente após essa longa batalha, finalmente a frase deve ser proclamada e não somente dita: - Parabéns, você acaba de ganhar o meu amor! Seguido de uma tão famosa quanto preciosa frase: - Eu te amo”.
Confiante nisso e feliz por acreditar em algo novo, mudou o rumo de sua vida, decidiu caminhar no mesmo sentido do vento e das outras pessoas, outrora estranhas, assumiu uma nova personalidade com relação ao amor. E agora, no jogo da vida, chegou a vez dele mover os pinos.


Por Thiago Bailão

sábado, 8 de setembro de 2007

Egoísmo?


As horas passavam e a impaciência aumentava. Os pés alternavam entre o ar e o chão em movimentos repetitivos, cada vez mais rápidos.
As horas pareciam não passar. A espera era longa, visto que esperar é uma de suas maiores agonias. As portas começavam a descer; aos poucos o número de pessoas ao redor diminuía e o furor das conversas fúteis ia se dissipando.
Devido à longa exposição, as mãos dele já se encontravam geladas. Numa tentativa frustrada de esquentá-las, ele as esfregava uma na outra, estralava os dedos das mais diversas formas possíveis, acabando por cruzar os braços suspirando.
O banco em frente ao bar, que ainda permanecia aberto por ter sido adentrado minutos antes por um desses típicos clientes inconvenientes, já não parecia tão confortável quanto parecera quando se sentou lá tempos antes. Mexia-se, trocava de posições como se nenhuma lhe agradasse, afinal. Ia, vinha, voltava, cruzava os braços, as pernas, descruzava, olhava com o canto dos olhos à procura de alguém.
Aos poucos a espera lhe pareceu insuportável. Idéias iam e vinham, martelando em sua cabeça. Nesse ponto, começou a questionar sua vinda e a conseqüente espera. “Será que valerá a pena? Será que ela virá? E se vier, será que corresponderá às minhas expectativas? Será bom como da outra vez? Será que durará o mesmo que durou da última vez?”
A última. Lembro-me como se fosse hoje. Ele não teve que esperar, o que já foi um bom começo. Naquele mesmo banco, logo que seu olhar foi em direção a ele na intenção de sentar-se, viu se aproximando do mesmo uma mulher de beleza peculiar. O seu cheiro pareceu exalar de longe, o perfume doce foi a primeira coisa a ser notada; o corpo logo em seguida, de belas formas, belas curvas. Ela se vestia de modo simples, porém com um estilo ímpar que valorizava o conjunto. O rosto era comum, de certa forma, porém a perfeição do sorriso a deixava encantadora.
Foi como se já se conhecessem: a conversa, as risadas, os gostos, as ironias, os “mimos”, as fotos, os fatos... O quebra-cabeça se encaixava de forma - quase - perfeita. Aconteceu de maneira um pouco rápida: uma mão encontrou a outra, um pouco trêmula, insegura. E assim, depois de um tempo, saíram de mãos dadas a passos largos em direção ao carro, como se cada minuto perdido fosse de extrema valia.
A música foi posta num volume agradável que permitia conversa. E assim se fez: trocaram experiências e expectativas entre trocas de olhares. A velocidade do carro foi sendo diminuída aos poucos, ao passo que as batidas no peito aumentavam de modo inversamente proporcional à desaceleração do carro, que parou próximo a um restaurante do tipo fast food que ficava na esquina. Porém, o lugar não fora escolhido porque estavam com fome, afinal nem intencionavam descer do carro, mas sim, pelo próprio local em si: sem muito movimento, escuro, tranqüilo.
O volume da música foi aumentado para abafar alguma tentativa de conversa, pois era chegada a hora de agir. As mãos que dirigiam até então encontraram-se novamente com as dela, firmes como sempre. Ela, em sua timidez enganada, apenas consentia nas ações, se deixando levar, sem atitudes, parecendo bela dama que segue os preceitos da hierarquia social. Típica. Ele, na sagaz estupidez dos rapazes, mas com um toque de delicadeza, roubou-lhe um beijo: seus lábios tocaram os dela, que mais pareciam feitos de algodão, dada a maciez que possuíam. As línguas entrelaçavam-se, cruzavam-se, moviam-se da melhor forma possível, desenhando desejos que saíam pela pele em forma de suor. Os beijos se repetiam ora lentos, ora vorazes, espalhando o calor que exalava dos hálitos para os vidros do carro, provocando borrões que acabaram por esconder a lua e o céu estrelado que outrora por eles podiam ser vistos.
A noite adentro já não era vista nitidamente. As poucas pessoas que passavam do lado de fora já não conseguiam apreciar os beijos que ali aconteciam. Ao tentar se ajeitar de modo mais confortável dentro do apertado ninho, as mãos dele esbarraram num dos vidros embasados, retirando a fina camada que cobria sua vergonha, deixando as marcas do ocorrido cravadas ali temporariamente, até que a brisa lavasse o ocorrido. E assim, concomitantemente, enquanto as pessoas na esquina à frente saciavam-se nos prazeres da gula, os dois saciavam-se nos prazeres da carne...
O tempo passava, e tempo é dinheiro.
E assim, ao final da noite, saciado em seu prazer egoísta, ele deixou-a no mesmo ponto em que se encontraram, no banco em frente ao bar. E ela foi, sem ao menos olhar para trás, saciada em sua ganância.
O carro partiu acelerado, levantando poeira, de vidros bem abertos para desfazer as marcas da vergonha. A música havia parado, restando apenas os gritos da consciência dele, que pesava a essa altura. Essa fora a primeira vez que esse “tipo de coisa” acontecera, sendo que depois, se sentindo mal por ter que se submeter a isso, prometeu a si mesmo que tal coisa não se repetiria.
Acostuma-se.
Deixando o devaneio e as lembranças de lado, mais uma vez ele se encontrava ali, parado, absorto em pensamentos, sentado naquele banco em frente ao bar quase vazio, à espera de “boa” companhia.
Os pés já haviam se aquietado. As tentativas de esquentar as mãos já tinham sido esquecidas. Mas os questionamentos em relação à sua vinda e à espera eram cada vez mais freqüentes.
As mãos foram em direção ao bolso, sentindo a chave do carro ali depositada. Por um instante, a vontade de pegar aquela chave, levantar e ir embora, acabando com aquela espera que tanto lhe agoniava, além da idéia confortável de não repetir mais uma vez aquilo que depois de feito certamente lhe traria conseqüências não muito agradáveis, foi interrompida pelo barulho e pela luz do farol de um carro que se aproximava aos poucos.
O carro parou com os faróis ligados e apontados em direção a ele, que se iluminava em meio a noite escura parecendo pequeno ali sentado, tentando observar o que acontecia dentro do carro com certa dificuldade devido à intensidade da luz que lhe vinha diretamente aos olhos.
Pôde ver a figura desfigurada de um homem pegando algo do que parecia ser uma carteira e colocando entre o corpo e a roupa da mulher ao seu lado, o pagamento pelos “serviços” prestados. Ela parecia estar ajeitando a roupa. Depois de um beijo mal dado ela pareceu olhar em direção a ele, ali sentado, e se apressar a descer do carro.
O farol se apagou por um instante. A falta de luz pareceu cegá-lo. Após alguns segundos, já recuperado da perda de visão temporária, ele pôde perceber uma certa familiaridade no carro que agora dava partida. O modelo, a cor, o adesivo que ele mesmo dera de presente e que estava colado num dos vidros. O carro passou pelo banco, e dentro ele pôde ver... Seu amigo, companheiro de trabalho, casado, que ao passar nem notou a existência dele ali parado, esperando a companhia daquela que ele acabara de deixar.
“Ele também?”. Sentiu vergonha por seu amigo. Sim, vergonha, não ciúmes, afinal não tem como ter ciúmes de alguém que nem “o pertence”, que ele nem conhece direito. Seu amigo, de quem a fidelidade nunca havia sido questionada, cujo caráter era admirado... Aquele fato pareceu travá-lo ainda mais. Sentiu-se mal, promíscuo.
A mulher que descera do carro, de uma beleza vulgar, vinha num largo sorriso, mascando chicletes, com as mãos estendidas para ele. Caminhava rápido, estava com pressa, a noite ainda poderia render mais. Ele olhava pra ela, estático. Analisava-a friamente. Sentia a mistura do seu perfume barato com o cheiro do homem que acabara de deixá-la. A maquiagem a essa altura já estava borrada, a roupa um pouco amassada. Ela parou na frente dele com uma das mãos estendidas, esperando.
Para ele, pensar que ela acabara de “trepar” com seu amigo, e que vinha agora se oferecendo como se nada tivesse acontecido antes, como se ele fosse o primeiro, último, único, não o agradou. Um de seus “defeitos” era ser egoísta. Não gostava de partilhar as coisas, muito menos as pessoas. Esse era um dos motivos da dor na consciência que se instalava nele após esse tipo de encontro. Saber que a pessoa com quem ele estava, que ele tocou, “amou”, mesmo que por alguns instantes, seria tocada por outros depois dele, conhecidos ou desconhecidos, e a realidade de não ter alguém que fosse só dele, o atormentava. Porque ele se apega fácil, toma posse de forma inconsciente e isso o consome depois, mesmo que ele não demonstre. Sim, ele se saciava, mas depois ia embora mutilado, com uma parte faltando: não o dinheiro que deixava com elas, mas elas, que iam embora para os braços de outros.
Vendo a hesitação em seus olhos, ela pegou em suas mãos. Ele fraquejou por um instante, parecendo ceder ao toque, mas logo depois soltou-a e a olhou nos olhos. Eles se olharam momentaneamente. Os olhos dela marejaram, percebendo que a pessoa à sua frente era diferente das outras. Parecia que ela lia seus pensamentos, que percebia as críticas, a situação em que ele se encontrava naquele momento. Numa última tentativa frustrada, ela o puxou pelo braço, de volta, como num suplício, chamando-o ao pecado, mas ele soltou-se e virou as costas. Ela, entendendo de certa forma o que se passava pela feição no rosto dele, virou-se envergonhada, sabendo o que ele estava pensando sobre ela, e de fato concordando. Mas ela se enfiou na noite escura novamente à caça, afinal, acostuma-se.
Ele saiu em direção ao carro, andando lentamente, como que apreciando cada passo, aliviado. Entrou no carro e deu partida. Um breve sorriso perpassou pelo seu rosto. Ele sabia o que fazer agora, havia percebido que não servia para aquilo. Havia tomado uma decisão. Acelerou o carro e sumiu em meio a noite que já findava.
E assim, foi à procura de alguém que fosse só dele; de alguém que prestasse; de alguém que não lhe apresentasse o risco de ser visto saindo do carro de seu amigo; de alguém que não tivesse que dividir com ninguém.
Egoísta... Afinal, a nem tudo acostuma-se nessa vida.


Por: Francisco Araújo Júnior

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

A Fada Discernimento.

Um conto nonsense para pensar e enlouquecer



Caminhando na grande fazenda do Sr.Henrico, naquele calor insuportável e irritada com aquele par de botas apertados, estava uma garota que montava em cavalos: Leitícia, branca como o leite e possuidora do cabelo mais comprido que o de Rapunzel, devidamente preso em um grande coque, negro como uma tulipa negra e tão brilhante como uma estrela.

Eis que hoje, com dor de cabeça e cansada de sua vida tediosa (pois montar em cavalos era a única coisa que ela fazia), decidiu explorar um pouco a fazenda do amigo do seu pai para se distrair. Mas a sensação que ela tinha era a de ter escolhido um péssimo dia.

Distraída, encostou-se a um lindo pé de mexericas e não se conteve em pensamento quando percebeu sua existência:"Hum, que delícia! Quero comer essas mexericas. Será que posso? O calor está terrível hoje mas elas estão com uma cara muito boa! Ai, que vontade de comer todas de uma vez, tenho certeza de que me refrescariam um pouco. Bom, acho que vou comer....ou é melhor não mexericar no que não é meu?”

Então, derrepente, um fio azul resplandecente começou a sair de sua cabeça, o que a deixou assustada! O fio crescia e aumentava de tamanho cada vez mais. Foi então que surgiu a sua frente uma outra pessoa, idêntica a ela mesma, como se fosse o reflexo no espelho, porém com nada menos que 30 centímetros de altura e usando um chapéu engraçado em forma de cone, o que a deixou ainda mais assustada.

- Olá Leitícia, sou a sua fada discernimento. Disse a fadinha sorrindo e limpando seu chapéu com as mãos.

- Oh meu Deus, devo estar louca, ela não pode existir! Disse Leitícia para si mesma - O sol quente está me enlouquecendo e minha mente projetou alucinações! Péssimo dia para sair de casa sem meu cavalo, acho que preciso de uma noite de sono de umas doze horas pelo menos. Urgente!

-Nada disso! - Disse a fadinha – Você está com vontade de comer essas mexericas e é o que vai fazer, mas não deve sem antes pedir permissão para o Sr. Henrico, e caso ele permita coma poucas para não passar mal!

"Ainda devo estar louca!" pensou Leitícia. "Preciso sumir com essa projeção o quanto antes" e começou a apertar sua cabeça com as mãos.

- AFF! Eu não sou uma projeção, sou sua fada discernimento! Projeção, era só o que me faltava!

-Como você sabe o que pensei? – Disse a garota cada vez mais assustada.

-Eu já lhe disse, é fácil resolver essa “charada” – Disse a fada fazendo um gesto com os dedos indicando as aspas - Se sou sua fada discernimento eu moro no seu pensamento, logo sei o que pensa. Certo?

- Se você é mesmo minha fada discernimento, me prove! Ainda não consigo acreditar no que estou vendo! “Que loucura”- pensou.

- Não tem nada de loucura.Vou te provar que existo, até conheço um jeito simples de resolver isto.

- Qual?

A fadinha respirou fundo e disse: - Vamos lá...Pense em algo que queira, mas não demore, não temos o dia todo. Qualquer coisa, mas não pense nas mexericas agora.

- Tudo bem, mas o que? – E colocou a mão sobre a cabeça. – É que quero tantas coisas!

- Eu disse uma!

- Ta!... Hum... Há! Acho que já sei. E começou a pensar na mesada daquela semana e no sapato chique e confortável que ela tinha visto naquele mesmo dia, lindos e mais arejados que aquela terrível bota. Mas ao pensar isso lembrou da festa surpresa de uma amiga muito importante, a Negrita, e ficou com uma grande duvida e tal duvida parecia não ter solução. Leitícia pensou “Se eu comprar os sapatos novos, não poderei ajudar com a festa e eu já me comprometi com o pessoal em ajudar. Mas o que fazer? Comprar os sapatos ou ajudar na festa? Se eu comprar os sapatos fico sem grana pra ajudar a festa e se eu ajudar a festa fico sem grana pra comprar os sapatos!”Leitícia ficou muito tempo, mas muito tempo mesmo pensando em alguma solução, mas ela não conseguia encontrar. Ela tinha certeza que sabia a resposta certa, porém não conseguia pensar nela.

- Tenho um grande problema fácil de resolver, porém não consigo achar a solução. Acho que vou fazer o que me der na telha, já que me falta alguma coisa...

- Eu já sei o que é. – Disse a fada se abanando com o chapéu.

- O que?

- Eu, eu mesma. Ou seja, falta o seu discernimento. Sou eu quem lhe digo o que fazer, mas como eu não lhe disse nada, você não soube como proceder.

- Não entendi.

- Quando você pensou em comprar os sapatos ou ajudar na festa da sua amiga Negrita, você apenas usou de sua consciência, que lhe sugeriu o que você deveria fazer, tipo “compre os sapatos e não ajude festa ou ajude a festa e não compre os sapatos” entendeu? Você recebeu duas sugestões sobre o que fazer, mas não executou nenhuma delas porque nem sequer sabe qual é a certa. Ai você pensou “O que fazer?” Ou seja: tchan tchan tchan tchan, faltou o discernimento! Se eu estivesse ai dentro lhe diria o procedimento correto! Leitícia, aprenda que a consciência não é nada sem mim, sem discernimento não há como fazer o certo. Pobre daquele que possui consciência mas não possui discernimento! – E moveu os olhos com ar de superioridade.

“?”

-Vou dizer a solução do seu problema. – E levantou vôo até ficar bem próxima dos olhos de Leitícia - Você tem que ajudar na festa da Negrita e fim! Você se comprometeu e ela merece. A festa da sua amiga é mais importante que um par de sapatos que você pode comprar no mês que vem ou até mesmo pedir para seu pai, tenho certeza de que ele não irá negar isso se você realmente precisar. A menos que ele não possa agora...

- Sim, é isso, eu sabia que era fácil de resolver mas não conseguia “proceder”. Vou ajudar na festa – disse pra si mesma - isso é o certo! – E virou-se para a fadinha - Mas como quero sapatos novos, fiquei na duvida. Não conseguiria resolver sem a sua ajuda!

- Lógico. Isso é obvio! Sem mim você não conseguiria resolver isso e como conseqüência faria qualquer coisa. Você poderia comprar os sapatos ou ajudar a festa, mas sem saber o que é certo! Muitas pessoas são assim, sabia? Quando falta a fada discernimento, já que as vezes a gente tira férias ou viaja sem voltar, a pessoa age por impulso e nem sempre faz o que é certo! Agora acredita que eu existo?

- Acho que sim, mas estou muito confusa com essa conversa pra ser sincera. È muita informação na minha cabeça.

- Sinceramente? Acho que a fada inteligência está dormindo, fada preguiçosa! Já são onze da manhã! Como uma fada consegue dormir com o calor que está na sua cabeça hoje? Já era pra ter acordado! Mas verifico isso depois. Agora relaxa e pensa comigo: se você me vê e conversa comigo, então eu devo mesmo existir. É que hoje a sua cabeça estava queimando horrores, então tive que sair um pouco, tava insuportável ficar aí.

- Mas porque eu nunca te vi antes?- Você já me viu várias, várias vezes querida... e toda vez me pergunta isso. Mas é natural, é que toda vez que eu volto pra sua cabeça a fada memória apaga esse momento e você não lembra de nada. Não me olha com essa cara! Não sou obrigada a ficar a vida inteira dentro da sua cabeça, tenho outras coisas a fazer.

- Está bem. Se vou esquecer nossa conversa mesmo, o que me resta é acreditar agora... nem sei mais o que dizer.

- Então fique calada.

-Tudo bem. – Fez-se um silêncio momentâneo enquanto Leitícia pensava, até que lhe surgiu uma idéia!

– Caracas! Tenho uma idéia, eu queria....

- Sim leitícia! - disse a fada – Pode sim... pode escrever um conto sobre nossa conversa de hoje e pode postar onde você quiser. Eu já li aquele blog dos seus amigos, acho digno! O único problema é que quando você ler e já tiver perdido a memória, ficará louca!

- Talvez! Mas vou registrar tudo no papel e quando você já estiver aqui dentro, vou lá e peço pro Thiago Bailão deixar eu postar no blog. Vou narrar em terceira pessoa pra ficar mais interessante. Adoro textos em terceira pessoa, só tenho que acreditar em mim mesma depois.

- Faça como quiser, somente dessa vez não vou opinar!

- Tudo bem, mas antes de escrever posso comer as mexericas?- Eu já disse! Não me ouviu é? Tem gente que finge que não ouve sua fada, né?! Vá pedir para o Sr.Henrico e se ele deixar coma poucas. Mas não demore, para não agir errado... Enquanto isso eu tomo um ar. “Este calor infernal”

Por Leitícia Milkita.

Ps:. Depois disso, falei com o Sr. Henrico e aqui estou, escrevendo com minha mão direita e com a esquerda segurando uma mexerica já descascada! A Fadinha acabou pegando no sono, mas acho que já já ela retorna pra minha cabeça. E quanto a veracidade dos fatos, acreditem, aconteceu de verdade! Juro! Quem ler isso (e eu mesmo depois) tem o dever de acreditar. Sei que parece loucura, mas é tudo verdade! Eu não vou lembrar disso depois, mas aqui está a prova. E seja o que Deus quiser. E agora só me basta esperar.Beijão pra você Leitícia, de mim mesma. =P(050986leite)

Aos leitores:

Gente! Quando li o que escrevi pra mim mesma achei de fato que estava louca! É absurdo o conto que escrevi e mais absurdo é não lembrar do acontecido! Mas não há como negar que não foi eu quem escrevi, a letra é minha! E eu mesma me escrevi um recado pedindo para acreditar! Meu Deus! E o mais engraçado é a maneira como eu me descrevi no texto: “Leitícia, branca como o leite e possuidora do cabelo mais comprido que o de Rapunzel, devidamente preso em um grande coque, negro como uma tulipa negra e tão brilhante como uma estrela” pouco convencida eu né? Uhauhauhauh. Sinceramente, eu só me lembro de ter ido na fazenda do Sr. Henrico e de cogitar comer algumas mexericas, mas instantaneamente minha vontade passou, como se eu tivesse de fato, comido algumas delas. E quando olhei para chão vi o manuscrito, achei muito estranho porque não tinha nada ali quando cheguei, ao menos que eu me lembre. Custou-me acreditar no que eu tinha em mãos, mas assim que li “Beijão pra você Leitícia, de mim mesma. =P (050986leite)” eu quase cai no chão! Era minha senha de e-mails! E só eu sabia! =O. Ou seja, era eu mesmo e tinha que ser verdade. Enfim, quanto ao acontecido, é difícil filosofar sobre “discernimento”. Eu nem sabia que dentro de mim (nós) existiam fadas! E muito menos que elas eram semelhantes a mim fisicamente. Ainda estou “chocada” com a situação, mas já que “prometi” postar, aqui estou. Espero que gostem dessa loucura, dessa história nonsense.Beijos (e já mudei minha senha viu, não se animem huauhauha).

por Thiago Bailão.( Dedicado a Débora Machado por quem tive a inspiração para o texto.)

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Sina



Chegou à hora de deixar de lado a cabana na árvore e os labirintos de giz. Chegará à hora de apertar a gravata e amarrar bem os sapatos. O despertador será programado para despertar de segunda a sexta às sete horas. O café terá que ser preparado pelas minhas próprias mãos. Sim, a pressa e o atraso serão meus maiores companheiros. As preocupações aumentarão proporcionalmente ao número de velas no meu bolo de aniversário. As datas, os prazos, as contas, as horas, as datas, os prazos, as contas, as horas (DATAS PRAZOS CONTAS HORAS) martelarão na minha cabeça a todo instante. As noites mal dormidas farão parte da minha rotina.

Sim, rotina! Tudo será programado: tabelas de horários e dias que se repetirão como um ciclo ininterrupto. A agenda estará sempre lotada, o horário do almoço será apertado, as oito horas “necessárias” de sono diário serão levadas à risca. E nos fins-de-semana o cansaço começará a vir mais rápido. A cama parecerá cada vez mais atraente. O filme acompanhado de pipocas, refrigerante, amigos e os chamados “programas de índio”, mostrar-se-ão muitas vezes melhores que a farra.

E assim, nas horas de folga, abrirei a janela e verei a vida passar ao longe sem ao menos olhar para trás.
Foi-se!

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Daquele doce é que tenho mais saudade...




Doce aquele que não acaba
E tão menos perde seu valor.
Doce aquele que não amarga
E tão menos perde seu vigor.

E tão cheio de amor...

Pudera eu colher do vento
Aquela caixa pequenina,
Que contem em seu adentro
Aquele Doce pra menina.

Que outrora fora minha...

doce aqui, Doce lá,
Se não é meu
De quem será?
De algum Romeu?

Triste é saber que já foi meu...

E nesse levitar da embriaguez
Cá estou a relembrar,
Que eu era tão freguês
Daquele Doce a me amar .

Amar, amar, e não mais amar...

Acabou-se o que era doce,
Sem o Doce perder o seu sabor.

Antes fosse!


Por Thiago Bailão.